O Bailinho

Tendo em consideração o post anterior, podem perceber como estou solidária com o senhor que escreveu o seguinte texto no JN de hoje.

"O baile, a banda e a bandalheira

Se tiver a “sorte” de ficar desempregado ou doente, vai perceber o porquê do bailinho do entra e sai da Segurança Social, do Centro de Emprego, do Centro de Saúde, enfim…Aos 53 anos, calhou-me tal sorte, pois estou desempregado desde 31 de Dezembro de 2007, e nunca entrei em tanto baile em meia dúzia de dias. Comece: entre com o pé direito na fila do atendimento, tire a senha, meia volta, sente-se e espere, levante-se e desespere, sente-se, levante-se e espere pelo “par”. Ouça o funcionário: “tem que ir à Segurança Social, na Rua das Doze Casas, porque aqui não podemos fazer nada”. Vá em passo acelerado, ao destino anunciado, entre e dance…Quando for atendido, venha embora, mais uma voltinha. “Não precisava de cá vir, eles lá é que não quiseram resolver…Mas agora traga um comprovativo do IRS”…Virou! Noutro dia, outra aula de dança: vá em corridinho para o sítio do costume, onde lhe trocam o passo: “Não é preciso o comprovativo do IRS para nada…” E vira! Virou! Vira outra vez! Dizem, desdizem e contradizem, com tanta facilidade como se respira… e é preciso ter fôlego para esta dança. Siga a romaria! “Este impresso não é preciso?” “Não”. Troca o par, agora as meninas, vai e vira: “Falta aqui um impresso”. Que grande baile! “Mas disseram que…” Calou! Virou! Acelera! Está fora do tempo, vamos, mais um passinho, mais uma voltinha. Assim crescem as novas romarias. Um mar de gente a levar baile…
Rui Marques (ruimarqu3s@gmail.com)"