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segunda-feira, maio 05, 2008

A escola chinesa II

Se no primeiro ciclo não há muito que nos surpreenda, já no secundário há muito coisa que nos surpreende. O ensino não é gratuito, os pais pagam uma propina de inscrição equivalente a 200€, os alunos fazem um exame e são colocados nas turmas de acordo com os seus resultados. Os 70 melhores frequentam a mesma turma. Como a maior parte deles vivem muito longe (mais de uma hora de caminho de ida e volta já é considerado muito longe), ficam a residir na escola.
As duas primeiras semanas de aulas são obrigatoriamente passadas no exército. Quando vi aquilo pensei: “mais uns tolinhos a arranjar crianças para o exército!!”. Mas quando percebi o propósito fiquei de cara à banda!!! A ideia não é militarizar os adolescentes mas incutir-lhes a ideia de disciplina, não apenas a comportamental mas também como organizar-se num espaço tão pequeno (os quartos são como as camaratas), como respeitar o espaço dos outros, etc. Os adolescentes passam duas semanas de recruta, findas as quais, são levados a marchar em frente ao director da escola e aos representantes do PC da região. A partir daqui começam as aulas.
O horário das aulas é este: 5h30 levantar e pequeno-almoço, depois meia hora de esticar músculos e às 7h começam as aulas. Às 12h30 vão almoçar e recolhem às camaratas para retemperar energias até às 14h30/15h. A partir desta hora regressam às escola e ficam a estudar até à hora de jantar, depois de jantar regressam à sala e ficam a estudar até às 21h30/22h. As férias não são como as nossas, como os alunos moram na escola ou perto desta, ao final de cada mês e meio dois meses, os alunos vão uma/duas semanas para casa para estar com os pais e claro…estudar! No final da primeira paragem o professor avisa que a sesta da tarde vai terminar e vai ser substituída por mais estudo…
Confesso que fiquei cansada só de ver! Não é possível alguém aguentar este ritmo… mas os adolescentes não só aguentam, como aqueles que conseguem passar fins-de-semana em casa têm actividades extra-curriculares para descomprimir (!?!!?).
Em tempo de exames é o caos, os exames são considerados treinos para o exame nacional de entrada na faculdade (uma espécie de prova de aferição geral) eles têm um mínimo para atingir, e esse mínimo tem de ser o topo, eles estão entre os 70 melhores e são os que têm mais possibilidade de entrar na faculdade… é uma exigência intrínseca, é algo que é esperado deles e por eles. No final do exame de matemática, sete reprovam, o professor chama-os ao gabinete e aperta com eles, até o apertar com eles é diferente, o professor fala de objectivos, o que é que eles querem atingir, e a partir dos resultados redefine os objectivos dos alunos… eles assustam-se e metem a cara nos livros.
A prova de aferição é o verdadeiro inferno, poucos conseguem entrar em universidades boas. Uma aluna desta escola obteve 95% no exame de aferição, foi a melhor nota a nível regional e teve direito a reportagem e tudo, e entrou na universidade de Beijing… mas isso é outro post.

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