Após uma pequena visita ao site do Sindicato dos Psicólogos a questão ficou esclarecida (bom, pelo menos compreendi o que se passava). Assim, e passando o plágio, a questão é respondida assim:
Após uma carta enviada pelo sindicato, o Ministério da Educação afirmou que «as disciplinas de Psicologia e Psicossociologia não integram actualmente o elenco dos grupos definidos para recrutamento de pessoal docente. Assim, aquelas disciplinas são ministradas por docentes de grupos de docência legalmente consagrados ou por profissionais contratados nos termos do nº 2 do Artigo 33 do Estatuto da Carreira Docente»
Por outras palavras, as disciplinas de Psicologia e Psicossociologia integram o grupo de Técnicas Especiais, cuja docência pode ser ministrada por licenciados em Filosofia, no caso da Psicologia, e licenciados em Direito, Sociologia ou Economia, no caso da Psicossociologia, enquanto docentes de grupos de docência legalmente consagrados; e técnicos que, com a autorização prévia do Ministério da Educação, são directamente contratados a termo pelas escolas, e cujo estatuto os dispensa do Estágio Pedagógico que é requisito para a Carreira Docente (situação minoritária, já que se trata de um recurso aplicado apenas quando a escola não dispõe de docentes nas condições anteriores).
Ainda segundo o sindicato, o argumento da inexistência de habilitação própria por carência de estágio pedagógico na sua formação, entra em contradição com uma série de factos:
- desde logo, a possibilidade de leccionarem nas escolas secundárias desde que não haja outros docentes que possam leccionar;
- serem contratados como Formadores Profissionais por diversas instituições públicas, onde se incluem as escolas profissionais cujos cursos têm equivalência ao 12º ano de escolaridade;
- outros licenciados, carecendo do estágio pedagógico na sua formação, integrarem os grupos de docência legalmente consagrados.
A questão que coloco é: será que o estágio pedagógico lhes pode dar autoridade para leccionar uma disciplina da qual sabem pouco (muitos tiveram uma ou duas cadeiras de psicologia na faculdade e às vezes estas nada têm a ver com o programa que vão leccionar)?
Aconselho a lerem com mais atenção todo o esclarecimento no site do sindicato.
3 comentários:
A lei da oferta e da procura domina o sitema educativo português. É uma realidade que há lincenciados em filosofia e em direito em excesso e essas pessoas não podem ficar todas desempregadas. No meu tempo de secundário havia educadoras de infância a leccionar matemática e alguns alunos com o 12º ano por acabar davam educação física. O magnífico curso de aliance française permitia que se leccionasse francês. Soube que a minha professora de matemática do 9º ano acabou há tempos a licenciatura em l.e.s.i. O meu professor de matemática do 12º ano era engenheiro electrotécnico. A minha professora de psicologia era licenciada em filosofia. encontrei-a há tempos na fisioterapia e ainda se lembrava de mim. ela tinha uma panca engraçada! hoje a concorrência é muito maior: há imensos licenciados desempregados. Acho que a componente pedagógica seria importante nos cursos de psicologia. Os psicólogos são certamente os que sabem mais de psicologia mas podem não ser os que melhor ensinam psicologia. Um curso de pós-graduação de formação pedagógica deveria permitir que os psicólogos estivessem em igualdade com os outros licenciados.
Abraço
Nuno
Bem, aqui vai a minha opinião: acho absurdo que um licenciado em Filosofia leccione Psicologia, da mesma forma que acho absurdo eu ir dar aulas de Filosofia... Eu tive uma professora de Psicologia, no secundário, que era (suspense...) professora de Filosofia. Ora ela leccionava bem a sua área "de especialidade", mas devo dizer que era uma nulidade em termos de Psicologia - acreditam que estive quase à pancada com ela, por causa de uma divergência acerca do que era um reforço negativo? Ela dizia que um reforço negativo era o mesmo que um castigo... DUH!
Enfim... Mas é evidente que o simples facto de ser licenciada em Psicologia não faz de mim uma boa professora, acho que todos aqueles que decidissem enveredar por esses caminhos deveriam ter de fazer um complemento qualquer, nem que fosse numa área que ensinasse a dar aulas... Sem querer falar em pessoas específicas, todos nós nos lembramos de brilhantes mentes no nosso departamento, a nível de investigação, mas menos boas a ensinar...
E, já agora, uma pequena pergunta: onde encaixa, então, a licenciatura de uma universidade lisboeta, que tem Psicologia Ramo Ensino? Eu lembro-me desta, porque nesta univ era requerido como específica a Matemática e a je não tinha, por isso pu-la logo de parte nessa altura... Mas para quem fosse para Psicologia Ramo Ensino, já não precisava de Matemática... Mas não era psicólogo no fim, evidentemente...
E pronto!
Leonor
Parabéns por este espacinho, Carla!
Não dizem que os professores são a que classe que + recorre a consultas de psicologia (faltando ao trabalho inclusive)? Então uma boa solução era colocar + psicológos como professores e assim o estado poupava umas massas em faltas e consultas (solução 2 em 1).
também em Geografia há bué de historiadores e professores primários (que fizeram uns cursos duvidosos) a dar aulas de Geo.
p.s. : vou colocar um link pra este site no meu blogue. ;)
Força...psi, Carla !!!
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