Este post é uma contribuição da Sílvia Monteiro onde se pretende discutir a importância dos TPC's:
No passado mês de Novembro, o psicólogo Eduardo Sá e o pediatra Mário Cordeiro divulgaram nos diversos meios de Comunicação Social aquilo que parece ser a opinião de especialistas acerca das tarefas escolares que as crianças levam para casa.
Na minha opinião, a questão foi abordada de forma como se estivéssemos a falar de um atentado à vida das crianças, completamente levada ao extremo: "…tal como são entendidos por muitos professores e pais, uma agressão às crianças e aos seus direitos" (!!!)
Parece-me que quem tem alguma experiência de trabalho com crianças com dificuldades de aprendizagem, rapidamente se dá conta da quantidade de casos de crianças que são, a meu ver, negligenciadas, com o argumento absurdo de que os meninos já trabalham demasiado na escola e que não podem ser mais massacrados…
E agora coloco a questão, será que não estamos a cair noutro extremo, ou seja, nesta onda de protecção, não estaremos a preparar uma sociedade desprovida de regras, em que se desvaloriza cientemente a importância do trabalho e se cultiva o desprazer pelo mesmo? É lógico que não se pretende defender a ideia de que se deve impingir trabalhos de casa em massa, com o simples objectivo de pôr os meninos a trabalhar, até porque isso se revelaria contraproducente; parece-me porém que se os próprios adultos não conseguem encarar o empenho escolar como uma fonte de motivação, dificilmente as nossas crianças o irão conseguir fazer. E quem olha para os T.P.C. como o bode expiatório da falta de tempo que os pais passam com os filhos, aqui vai uma sugestão: aproveitem esse mesmo tempo para estar com eles, quem sabe isso não poderá oferecer-lhes aquilo que muitas vezes os meninos precisam: atenção, disponibilidade e apoio nos pequenos grandes obstáculos que se começam a atravessar nas suas vidas. Porque não é só com presentes e passeios nos shoppings que se demonstram afectos…
Sílvia Monteiro
2 comentários:
Acho que é importante não fazer com que os miúdos gostem demasiado da escola e do trabalho, dado que, futuramente, poderão ficar extremamente desiludidos e desenvolver sentimentos de depressão e ansiedade. O trabalho é chato e pronto :D O que era interessante fazer era ensinar os professores "o como" ensinar, e não apenas "o que" ensinar. Quanto aos TPC, não me lembro de os fazer e estou praticamente a terminar um Curso Superior. Dá que pensar... nem tudo pode ser explicado pelo facto de eu ser super-inteligente, pelo que devem ser revistos os critérios de dificuldade do ensino, em todas as fases deste, especialmente a partir do 9º ano, para que a selecção feita seja, realmente, uma selecção.
Há algum tempo que venho pensando nesta questão. Não se devia discutir tanto se as crianças devem ou não fazer trabalhos de casa mas porquê que as crianças não gostam de os fazer. Não me lembro de achar os trabalhos de casa assim tão medonhos, se tinha que os fazer fazia-os, era como levar o caderno de português para a escola: se era preciso levava-o!
Parece-me que hoje se vive a 100 à hora e que os pais sentem mais dificuldade em gerir a sua vida e a vida dos filhos e acabam por deixar para o lado as coisas que pensam ser mais desagradáveis: os TPC's. Se calhar era importante saber porquê que pais e filhos acham que os TPC's são uma seca e partir dai para pensar o que se pode mudar.
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