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quarta-feira, fevereiro 16, 2005

A mente humana...

Há umas semanas tive uma conversa com um grupo de amigos (nenhum deles psicólogo) sobre a intervenção psicológica em adultos. Esta, de facto, não é a minha especialidade de eleição e por isso lanço aqui a mesma discussão.
Um dos temas mais polémicos versou sobre a complexidade da mente humana e de até que ponto o psicólogo teria de perceber essa complexidade para poder ajudar a pessoa. A questão complicou-se mais quando falamos de pessoas inteligentes, à partida mais complexas e mais difíceis de entender... como reagiriam quando abordadas sobre as questões que as levaram a um psicólogo? O debate de ideias passou para discussão séria quando a seguinte questão foi levantada... um psicólogo para entender a mente humana tem de ser tanto ou mais inteligente que a pessoa que vai atender. Não há técnicas de avaliação/intervenção que superem a complexidade dessa pessoa... Nesta fase da discussão confesso que me senti um pouco perdida e deixei de falar para ouvir o rumo que a discussão iria levar. Acreditem que nunca pensei ver não-psicólogos defender tão bem o nome da psicologia (quer quem concordava com a opinião, quer quem não concordava)...
Estes são os meus pensamentos desde essa discussão...será que devemos ser assim tão filosóficos (acreditem que a discussão me fez lembrar as aulas de Epistemologia - "A redescoberta da Mente"!!!), ou para manter a nossa sanidade acabamos por largar essa veia filosófica (que é extremamente importante) deixando-a para os investigadores, e arregaçamos as mangas para a prática tendo a filosofia apenas como música de fundo? E como pode isso modificar o modo como vemos as pessoas quando elas entram no gabinete?

4 comentários:

Padawan disse...

Tretas! Desde quando é que inteligência é sinónimo de complexidade? Ou varia na razão proporcional a esta? Toda a investigação e avaliação não deixa de tornar a terapia e todos os factores a ela ligados como bastante subjectivos, mas são indicadores importantes que nos permitem tirar ilações sobre a qualidade (e quantidade?) de desviância do cliente em relação aos moldes definidos implicitamente pela sociedade (estilo Szasz, para quem se sentir perdido). E depois essa da inteligência... por que não pensar que pessoas mais inteligentes aderem mais abertamente à terapia, sendo assim mais fácil ao psicólogo compreender a sua situação? E se o psicólogo também for muito inteligente?! Não seria mais lógico pensar que compreenderia mais facilmente mentes do seu nível? Um cão compreende outro cão melhor que qualquer um de nós, e note-se que se trata de um ser mais simples a avaliar outro ser mais simples (que nós, bem entendido). Isto é só um exemplo, não estou a comparar cães a pessoas estúpidas. Isso seria insultar os cães!!

bateman disse...

Ola, essa discussão é de veras interessante, agora eu penso que a epistemologia, segundo a ideologia de Karps Eloy, nunca pode ser sugerida como algo palpavel, logo o ser humano nunca vai compreender o outro, mas vai compreender melhor e integrar mais objectivamente o seu ponto de vista em relação ao outro, (seguindo uma tradição construtivista).

Mas como Limon Appelgate disse em 1978, "Para compreender os outros, nós temos que ser cada vez mais compreendidos por nós mesmos" A inteligência é irrelevante.

Anónimo disse...

E será que eu tenho que entender a mente do cliente na sua totalidade, para o ajudar? Se tivermos em conta que o cliente só nos conta o que quer e que, muitas vezes, nunca podemos dizer que os conhecemos bem... Se conhecer bem a mente de alguém fosse condição sine qua non para o "tratar", podíamos desde já encerrar as licenciaturas em Psicologia existentes no mundo...
O que nos interessa é a forma como o cliente nos transmite a sua problemática, e eu penso que um indivíduo com um léxico mais complexo será o paraíso do psicólogo, pelo menos do adepto das terapias narrativas... Mas não esqueçamos que, quanto mais inteligente sou, mais material mental tenho para complicar tudo o que analiso... Mas não sou imune a uma terapia, apenas talvez mais exigente. E tenho dito (pouco, talvez?)

Leonor

Anónimo disse...

Lembro que a inteligência é apenas uma dimensão da personalidade: as emoções e as motivações, por exemplo, também fazem parte da psique. Aliás, o próprio conceito de inteligência não é unívoco: veja-se a pesquisa de Howard Gardner sobre as inteligências múltiplas.
Por outro lado, a relação terapêutica não é (não pode ser!) de tipo competitivo: não importa saber quem é mais inteligente (psicólogo ou paciente, importa, isso sim, construir a uma relação que seja funcional ao bem-estar do paciente.
Mas o tema é muito interessante e merece outras achegas.